A China é um dos maiores mercados emergentes do mundo e uma das maiores responsáveis pelos lucros recordes da Apple por vários anos seguidos. Porém, o lançamento do último modelo da maçã coincidiu de forma infeliz.
Isso devido a desaceleração da economia chinesa e a desaceleração do mercado de smartphones de forma global. Com isso, as vendas de IPhones por lá caíram bastante, criando um cenário que já preocupa Tim Cook, presidente executivo da companhia.
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Na última quarta-feira, 2, ele enviou um comunicado a investidores no qual cortou a previsão trimestral de vendas de IPhone - é a primeira vez que isso acontece desde o lançamento do primeiro modelo da linha, em 2007.
Mas a desaceleração econômica da China e do mercado de smartphones não são os únicos responsáveis pelos maus números da Apple no país asiático.
Guerra comercial
A guerra comercial travada entre Estados Unidos e China também afetaram negativamente as vendas da Apple em território chinês. Em 2018, o país asiático registrou o menor PIB em 25 anos e grande parte disso tem a ver com as farpas trocadas entre Washington e Pequim.
Em seu comunicado, Tim Cook diz “que o ambiente econômico na china foi profundamente impactado pelo aumento das tensões comerciais com os Estados Unidos”.
E esse impacto foi o principal fator na freada da Apple anunciada no dia 2, como demonstram as palavras do presidente executivo em outra parte da sua missiva. “Mais de 100% da queda das nossas receitas mundiais na comparação ano a ano são em função da perda de mercado do IPhone, do Mac e do IPad na China”, diz.
Concorrentes chinesas
A perda de mercado da Apple na China coincide com um aumento substancial das vendas de suas concorrentes chinesas, como a Huawei, a Oppo e a Vivo. Acontece que, com a diminuição do poder de compra dos consumidores chineses, as alternativas com um melhor custo-benefício acabaram ganhando a preferência.
Além disso, a tensão comercial com os estados unidos acabou criando uma espécie de movimento a favor das marcas locais. Um dia após Tim Cook anunciar a freada da Apple, páginas populares no Weibo postaram comentários patrióticos que demonstram bem esse movimento.
“Apenas os tolos compram IPhones caros. Pessoas sãs, compram a melhor qualidade, com preço barato, como a Huawei” dizia um deles.
Expansão do mercado de segunda-mão
Porém, há muitos chineses que preferem continuar usando os produtos da Apple - mas sem investir pesado em aparelhos novos, optando por aqueles de segunda mão. O que tem causado uma rápida amplificação do mercado de aparelhos usados na china.
E o grupo de pesquisa chinesa iiMedia prevê que o movimento de expansão desse mercado continuará em 2019. A estimativa é de que existirão 144 milhões de usuários de smartphones de segunda mão no país esse ano
O grande problema é que todo o dinheiro movimentado nesse mercado não chega até Cupertino, sede da Apple nos Estados Unidos.
E as consequências puderam ser vistas na última queda das ações da companhia na bolsa eletrônica Nasdaq no último dia 3, um dia após o comunicado de Cook: -8,66% apenas antes de o mercado abrir.