Ciúme: Apimenta ou Azeda?

Você é ciumento(a)? (Imagem: Reprodução)
Você é ciumento(a)? (Imagem: Reprodução)
As pessoas costumam dizer que o ciúme serve para apimentar a relação. Outros afirmam que ciúme é cuidado e quem ama cuida. E ainda existem os que acreditam que ciúme é uma prova de amor. Será?

Como todo sentimento, o ciúme não começa gigante e a todo vapor. Ele vai se instalando aos poucos e se alimentando de pequenas atitudes e desconfianças diárias. Quando vamos notar ele já está enraizado e se torna carrasco de qualquer relação.

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Se na primeira crise de ciúme o casal não sentar para conversar e estabelecer os limites, o que era “fofo” se torna um pesadelo. Vistoriar redes sociais, celulares, bolsas e carteiras do parceiro se torna um hábito e o respeito pelo espaço do outro fica esmagado pela insegurança e desconfiança.

O que é ciúme? Uma insegurança sobre o lugar que eu ocupo na vida do outro. A certeza do meu espaço faz com que eu não precise checar o tempo inteiro se a pessoa continua lá.

Uma pessoa ciumenta tem a tendência de colocar a culpa e responsabilidade por seus comportamentos no parceiro. É sempre o outro que não passa confiança, o outro que provoca, que se exibe ou o outro que é safado(a). Só que geralmente é o ciumento que passa a interpretar as ações segundo seu sentimento. Como ter medo de escuro, o ciúme encontra monstro onde não tem.

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A noção de livre arbítrio compreende que nenhum ser humano é posse de outro. Então por mais que haja um esforço para “segurar” ou “prender” outra pessoa, se ela quiser ir embora, cedo ou tarde, ela irá.

Diante de tantas desconfianças e questionamentos constantes, o alvo do ciúme passa a se sentir sufocado e até perseguido. E o que era para ser uma pimenta, se transforma num fogo que destrói tudo. A relação passa a ser um peso e se torna azeda. Muitas vezes chagando ao temido fim.

Mas não para por aí. O ciúme pode se transformar em doença, uma verdadeira obsessão. Vejamos como identificar e tratar:

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CIÚME PATOLÓGICO

Quando o ciúme vira doentio, é chamado pela psicopatologia de ciúme patológico. Quando isso ocorre, a vida da pessoa ciumenta acaba girando em torno do outro e de descobrir onde o parceiro foi, onde está e com quem, em cada segundo do dia. Isso começa a prejudicar a rotina, diminuir a concentração afetando estudos ou trabalho, causando intenso sofrimento.

O ciumento vive em função de buscar provas de traição, quando não as encontra, ao invés de alívio, se sente ainda mais ansioso e inquieto. Como se à espreita houvesse um grande perigo e rivais poderosos estivessem sempre elaborando planos para “roubar o que lhe pertence”. Um tipo perigoso de ilusão.

Alguns sintomas do ciúme patológico são:

1) Desejo intenso de controle absoluto sobre o outro, seus comportamentos e sentimentos; 2) Fazer investigações constantes sobre o parceiro, algumas vezes chega a contratar detetives; 3) Preocupação incessantemente com os relacionamentos anteriores que o parceiro teve; 4) Pensamentos incontroláveis e ruminações sobre fatos passados; 5) Mudar sua rotina em função das monitorações que faz; 6) Invasão da privacidade do outro; 7) Intenso sofrimento psíquico.

Geralmente quem desenvolve o ciúme patológico costuma não assumir que tem uma doença e sempre justifica suas atitudes, classificando-as como normais. Precisa de ajuda de alguém próximo que o incentive a procurar tratamento. Como se trata de uma doença psíquica tal como depressão, o tratamento se dá através de profissionais como psiquiatras e psicólogos.

TÔ COM CIÚME, E AGORA?

É claro que não são todas as pessoas ciumentas que sofrem de uma doença. Só que todo ciúme é nocivo para qualquer relação, em especial namoros, noivados e casamentos. Então o que fazer se isso tem te atrapalhado?

Diálogo

É preciso que haja muito diálogo numa relação. Conversas abertas sobre cada um se sente e o que sente. Ao primeiro sinal de ciúme no ar, de desconfiança é preciso abrir o jogo e falar tudo que pensa. Com cuidado, mas falar.

A falta de diálogo faz com que os pensamentos maléficos criem raízes e logo o ciúme cresce e acaba com toda relação. Quando duas pessoas estão juntas precisam entrar em acordo sobre os limites da relação, fazer isso fará com que se conheçam mais e aumentem a confiança um no outro.

Dê espaço e tenha espaço

Outro exercício para quem é ciumento é respeitar o espaço do outro. Por mais que haja amor e vontade de estar junto, todos nós precisamos de um tempo a sós, para ler, descansar, ir a uma praia. Saber respeitar esse espaço é fundamental para que uma relação dê certo.

Respire fundo e respeite a decisão do outro sobre fazer algo sem você. Isso não indica traição, indica apenas que a pessoa precisa de espaço, precisa de tempo. Ceder significa que você entende e quer o bem da relação.

Não fuce!

Se você já fuçou as redes sociais, o celular, a bolsa, carteira ou afins do seu parceiro, precisa parar agora! Isso não é apenas errado, é uma total falta de respeito. E que tipo de relação passa a existir quando o respeito vai embora?

Controle seus impulsos e faça isso por você, pelo outro e pela relação. Não cultive o ciúme, nenhuma fruta boa vem dele.

Conseguiu perceber onde o ciúme pode parar? Pense bem antes de colocar seu relacionamento em risco tentando apimentar, você pode errar a mão e ficar tudo quente demais.