O câncer de pâncreas é um dos tipos mais letais da doença, matando cerca de 99% das pessoas acometidas. E o resultado é ruim devido à dificuldade de encontrar sintomas e tratamento.
Isso acontece porque, além de ser agressivo, o câncer de pâncreas é de difícil diagnóstico: os sintomas demoram a aparecer e, quando aparecem, já indicam que a doença está em seu estágio mais avançado, dificultando em muito o tratamento e diminuindo as chances de cura.
Muitos esforços têm sido feitos para reverter esse quadro e proporcionar um diagnóstico mais rápido, como o desenvolvimento de métodos de triagem e exames de rotina, como de sangue e de urina.
Alguns desses esforços até apresentam resultados, porém, são caros e têm precisão limitada. Mas, um biossensor destacado no Prêmio Capes 2018 pode mudar essa história oferecendo um diagnóstico rápido, barato e eficaz do câncer de próstata.
O desenvolvimento
O trabalho de desenvolvimento deste biossensor começou na iniciação científica do físico e pesquisador da USP, Andrey Coatrini Soares, quando ele se dedicou aos estudos sobre a detecção precoce do câncer de mama.
Mais tarde, ele direcionou as técnicas desenvolvidas para o câncer de pâncreas e utilizou nanotecnologia, com o desenvolvimento de matrizes poliméricas, para diminuir os custos do sensor e o tempo de detecção da doença.
O Biossensor
O biossensor é composto de camadas nanométricas (bilionésima parte do metro) de materiais poliméricos, que são os responsáveis por preservar as biomoléculas utilizadas. No exame, ocorre uma interação específica entre as biomoléculas e os anticorpos produzidos no corpo do paciente.
Então, é emitido um sinal elétrico, que é medido pelo sensor. A intensidade desse sinal é o que indica se existe a possibilidade de o paciente estar acometido pelo câncer de pâncreas ou não.
A intenção dos pesquisadores, desde o início do desenvolvimento do dispositivo, era criar algo que fizesse parte da cadeia inicial do tratamento, verificando as suspeitas e detectando a predisposição à doença.
Mas, para além disso, eles conseguiram criar um biossensor que não só detecta, mas permite que, após o diagnóstico, o paciente acompanhe a eficácia do tratamento utilizado.
Expectativas para o futuro
Atualmente, o biossensor já é utilizado no Hospital de Barretos, que foi parceiro durante o desenvolvimento do dispositivo e intenção dos pesquisadores é que, no futuro, essa tecnologia venha a ser disponibilizada como teste de farmácia, como já acontece com os testes de glicose.
Na avaliação dos pesquisadores, os resultados dos experimentos feitos com o dispositivo indicam que a tecnologia está madura o suficiente para ser introduzida na prática clínica.
Mas, conforme estimado por Andrey Coatrini Soares, ainda serão necessários mais dois ou três anos até que esse objetivo se torne realidade. Isso porque o projeto ainda enfrenta algumas dificuldades para conseguir avançar, sendo o financiamento um dos principais deles.
Outro obstáculo enfrentado pelo projeto é a dificuldade em produzir grandes quantidades de biossensores capazes de indicar resultados idênticos. E ainda existe o desafio de desenvolvimento de um padrão para detecção da doença.
Em conclusão, esses resultados, apesar dos obstáculos a serem superados, são animadores e prometem salvar milhões de vidas através da detecção precoce do câncer de próstata.