A Tal Mulher Moderna e sua Autoimagem

São inegáveis todas as conquistas femininas feitas nas últimas décadas. Direitos, possibilidades, carreiras. A mulher hoje não teme mais ao mundo e o mundo sabe que precisa da mulher. Apesar de ainda existirem preconceitos de diversos tipos, as ideias estão mais abertas e por isso as oportunidades são cada vez maiores.

Agora valoriza-se a sensibilidade feminina e seu famoso instinto utilizando tais atributos em cargos grandes e de autoridade. Hoje temos mulheres em funções “masculinizadas” como bombeiras, motoristas de ônibus, seguranças, pedreiras e por aí vai. A mulher agora se lança no mundo e em tudo que ele tem para oferecer.

ANÚNCIO

Mas todas essas conquistas também acabaram por cobrar um alto preço em outros sentidos. A exigência externa e interna de atingir todos os objetivos e se superar cada vez mais. A romancista Fannie Hurst disse certa vez que “Uma mulher precisa ser duas vezes melhor que um homem para chegar até a metade de onde ele chegou.”. Tal necessidade de intensa superação só fez com que as mulheres passassem a se exigir mais e mais. Uma linha tênue entre excelência e perfeccionismo foi ultrapassada e o resultado é uma crescente de transtornos do humor em mulheres.

Mulheres inseguras que precisam vencer seus limites o tempo inteiro para provar ao mundo que são capazes. Acabam numa sobrecarga emocional e física.

Espera-se que sejam boas mães, excelentes e bonitas esposas, impecáveis profissionais e espetaculares donas de casa. Que de preferência saibam cozinhar, lavar, passar, arrumar, ensinar tarefas aos filhos, dirigir, trabalhar fora e dentro de casa, que tenham lido o Kama Sutra, sejam atletas, dançarinas e no final do dia ainda tenham bom humor. Ufa! Será que é possível ser tudo isso e ainda respirar?!

ANÚNCIO

Sendo, em sua maioria, mais emotivas, as mulheres acabam absorvendo todas as exigências expostas e subentendidas. E tais exigências deixam de ser dos outros e passam a fazer parte delas mesmas. Como fica a autoimagem então? Seriamente comprometida!

É praticamente impossível atender a tudo que se espera de uma mulher do século 21. Pois até comer uma barra de chocolate é tido como erro fatal para a magreza imposta. A mulher então precisa ser: magra, bonita, ter cabelos lisos e grandes, seios fartos, bunda empinada, pernas torneadas e vestir no máximo 38. Quem foge desse estereótipo, não serve.

Se enquadrar nos padrões acaba sendo mais uma exigência a fazer parte da infindável lista feminina. Depilações a laser, designer de sobrancelhas, roupas, sapatos, escovas progressivas, inteligentes, sem e com formol, botox e por aí vai, acabam sendo meios efetivos de se enquadrar. Não que seja errado querer se sentir bem com o próprio corpo, isso é bom e saudável, mas existem limites. E o limite é quando você começa a entrar em sofrimento por não atingir a perfeição, por se sentir errada e deslocada. Isso indica que sua busca pela beleza não é mais por si mesma, mas pelos outros e principalmente, a busca pela aceitação.

ANÚNCIO

A mídia acaba sendo um veículo para ditar o que a mulher deve fazer, como deve se vestir e agir para ser aceita. Padrões de beleza foram estabelecidos arbitrariamente e todos acolheram sem questionar. Agora cabe às mulheres rever todos esses conceitos que são impostos e decidir como quer se vê.

Construir a autoimagem baseada na indicação de terceiros sempre trará um peso gigante. Afinal não é possível atingir perfeição em nenhum aspecto. Devido a essa “fórmula” da beleza que a nossa sociedade aplaude, alguns transtornos alimentares como bulimia e anorexia aumentam sua incidência e decorrem dessa busca incessante pelo padrão social, em especial pela magreza.

Então impõe-se a tal mulher moderna mais um desafio: construir sua autoimagem baseada em seus conceitos e não nos padrões estabelecidos. Grande desafio haja vista que vivemos bombardeados diariamente com todo tipo de mensagem sobre beleza e corpo escultural, mas vale a pena tentar, pela sua saúde física e emocional. E descobrir que uma barra de chocolate pode fazer muito melhor do que se imagina!

Reprodução
Reprodução